terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Panelinha ou panela pequena ?

São chamados de ”panelinha” por alguns os grupinhos ou grupos pequenos que se formam onde se encontram muitas pessoas e é comum escutar sobre elas, principalmente nós pastores, escutamos muitos comentários e muitas vezes reclamações, pois tal movimento incomoda algumas pessoas, por se sentirem excluídas ou incapazes de se relacionarem mais de perto com alguns.

Acredito que desde crianças todos nós queremos fazer parte de um grupo, interagir e desenvolver com ele, quem não se lembra da escola? Onde rapidamente nos adaptávamos aos grupinhos e nos sentíamos parte dele, e quando isso não acontecia era algo que incomodava muito, nos fazendo sentir sozinhos, excluídos e o pior de tudo diferentes das outras crianças. Desde a infância queremos fazer parte, queremos ser semelhantes.

Acredito que nem sempre as pessoas sabem direito o que falam, falam por falar somente, não definem, não entendem corretamente esse movimento de grupos que se dá naturalmente.

Qual seria a definição correta para “panelinha”? Panelinha do bem? Panelinha do mal? Ou seria no final tudo panelinha! Enfim, andei pensando sobre isso e conclui que:

Elas existem por todos os lados em todos os ramos do convívio social, é algo que se dá em diversos planos e pode ser verificado também em pequenos ambientes, como em salas de estudo e trabalho. As chamadas "panelinhas" podem ser reconfortantes, por fazerem alguns se sentirem parte de algo. Por outro lado, há casos em que elas causam problemas para aqueles que estão do lado de fora e que por isso se sentem excluídos. É um grupo com interesses em comum, do qual queremos fazer parte ou não.

Precisamos conhecer/entender para depois compreender os grupos existentes ao nosso redor. Mas vamos ver o que o dicionário diz: 1. Pequena panela, 2. Grupo fechado, que não admite novato.

Vou iniciar analisando a segunda definição: Grupo fechado, que não admite novato.

Fechar-se nesses grupos pode ser visto como algo negativo, principalmente quando o grupinho passa a apresentar atitudes que demonstram hostilidade e preconceito em relação aos que estão de fora. É comum ver as famosas “panelinhas”, elas existem em todos os segmentos, onde quer que existam pessoas. Mas elas são prejudiciais aos relacionamentos, já que tal grupo se mantém fechado.

É comum ter um grupo de amigos dentro da empresa, escola, igreja, academia e etc. pessoas com quem há maior afinidade. Entretanto, isso não pode impedir o profissional, o aluno e principalmente o irmão de ter contato com as demais pessoas. Cabe a cada cristão em particular a união da igreja, para a edificação (não-facciosa) de um único corpo.

As pessoas precisam estar abertas e acessíveis às outras pessoas. A participação nas “panelinhas”, de acordo com o professor Moacir Carlos Sampaio Silva, da área de psicologia social das organizações do Instituto Sedes Sapientiae, “Dificilmente os integrantes de uma ‘panela’ são vistos como profissionais diferenciados ou de alto nível de desempenho” Diz. E em outros ambientes e principalmente o nosso (a igreja), buscar um grupo fechado demonstra imaturidade cristã e com certeza o nosso desempenho com relação à obra de Deus é prejudicado. Assim como a empresa é prejudicada porque perde o potencial do colaborador, a igreja é prejudicada porque perde seu foco.

Onde cada qual defende não a Cristo, mas à sua igreja, seu ministério ou sei lá o que! Veja o que a Bíblia diz a respeito: “Irmãos, fui informado por alguns da casa de Cloe de que há divisões entre vocês. Com isso quero dizer que algum de vocês afirma: “Eu sou de Paulo”; ou “eu sou de Apolo”; ou “Eu sou de Pedro”; ou ainda “Eu sou de Cristo”. Acaso Cristo está dividido? Foi Paulo crucificado em favor de vocês? Vocês foram batizados em nome de Paulo?” 1 Coríntios 1.11-13.

E hoje quantos dizem: “eu sou lado do fulano, eu sou do lado do ciclano, eu sou do ministério de louvor, eu sou do ministério de dança, eu sou da Universal, eu sou metodista, eu sou presbiteriano, eu sou assembleiano” Penso que a estes todos Paulo perguntaria: “Acaso você foi batizado em nome de fulano? De John Wesley? De Edir Macedo? Da Assembléia de Deus? Algum destes foi crucificado por você no Calvário?”

O que você responderia...? Quanto às separações, e ao espírito de facção, veja o que diz a Epistola de Tiago: “Pois onde há inveja e sentimento faccioso, aí há confusão e toda espécie de males.” Tiago 3.16

Estava lendo um texto outro dia em que um consultor de recursos humanos afirmava: “Fazer parte de grupos fechados mostra que o profissional não se dá bem com todos os colegas e, portanto, não é prudente dar-lhe uma posição de poder" e eu fiquei pensando sobre a igreja do senhor, sobre aqueles que fazem parte dela e não se preocupam com os relacionamentos totais. Em qual seria a sua porção?

Este tipo de comportamento é nocivo a qualquer ambiente ou comunidade, principalmente porque é totalmente contrário àquilo que Jesus nos ensinou sobre a importância da unidade e da grande comissão (Mateus 28.19,20). Deus é Deus de relacionamento. Ele não nos criou para nos relacionarmos com apenas um grupo de pessoas, e muito menos quando este grupo exclui, segrega, menospreza ou afasta as pessoas.

Não devemos nos fechar num grupo em que ninguém mais entra. Ao contrário, devemos sempre nos aproximar das pessoas, abrindo espaço para trocarmos experiências e crescermos mutuamente assim como um corpo.

É natural que haja diferenças, mas para que a obra cresça as diferenças precisam ser entendidas, compreendidas, superadas e esquecidas, pois “Mesmo sendo muitos, todos comemos do mesmo pão, que é um só; e por isso somos um só corpo.” 1 Coríntios 10.17

Pensando assim da forma que mostrei a vocês essa segunda definição, eu traduzo “panelinha” por “panela tampada”, fechada, onde ninguém mais entra, e defino melhor ainda por obra da carne (Gálatas 5.19-23).

Agora pensando em “panelinha” com a primeira definição: “Pequena panela”, somente isso, não fala de não admissão, a coisa muda de figura para mim, e explico por que.

Acredito que está faltando uma definição melhor. Tem gente definindo por aí muito mal alguns grupos de amizade, pois apesar de pequenos não são fechados, são “panelinhas” ou “pequenas panelas” destampadas, abertas para a admissão de novas pessoas.

Penso eu sobre os grupos que viver entre eles é praticamente condição inerente ao homem e foi característica fundamental para a construção das sociedades modernas da forma como estão configuradas atualmente. É algo natural quanto dormir ou acordar, a socialização entre as pessoas é quase que um gesto automático, mas fechar-se nos grupos não seria mais algo natural e sim patológico.

Segundo o filósofo grego Aristóteles, “Em relação aos bons amigos, devemos tê-los tantos quantos pudermos, ou há um limite ao número de amigos de uma pessoa, da mesma forma que há um limite para a população de uma cidade? Não se pode fazer uma cidade com dez pessoas, e se houver cem mil pessoas não teremos mais uma simples cidade. Mas o número conveniente não é a unidade, e sim algo compreendido entre certos limites determinados. Em relação aos amigos, igualmente, há um número limitado - talvez o maior número de pessoas com as quais se possa conviver (considera-se que a convivência é a característica por excelência da amizade), mas é óbvio que uma pessoa não pode conviver com muitas outras nem dividir-se entre elas. Além disto, estas pessoas devem ser amigas uma das outras, se elas devem passar seus dias juntas, e é difícil satisfazer esta condição com um grande número de pessoas.”

“Também se pensa que é difícil que uma pessoa possa participar intimamente das alegrias e tristezas de muitas outras, pois provavelmente acontecerá que alguém tenha ao mesmo tempo de alegra-se com um amigo e de chorar com outro. Presume-se, então, que é bom não procurar ter tantos amigos quanto pudermos, mas tantos quanto bastarem para efeito de convivência, pois parece realmente impossível ser um grande amigo de muitas pessoas.”

“É por isto que não se pode amar muitas pessoas; o amor é uma espécie de amizade superlativa, e isto só se pode sentir em relação a uma única pessoa; logo, também uma grande amizade somente pode ser sentida em relação a poucas pessoas. Esta asserção parece confirmada na prática, pois não encontramos muitas pessoas que sejam amigas à maneira dos companheiros, e as amizades famosas desta espécie são sempre entre duas pessoas. Considera-se que as pessoas que têm muitos amigos e confraternizam intimamente com todos não são amigas sinceras de qualquer deles (salvo no sentido em que os concidadãos são amigos) e tais pessoas são também chamadas lisonjeadoras. No sentido em que os concidadãos sejam amigos, realmente, é possível ser amigo de muitas pessoas sem ser lisonjeador, e sim uma pessoa autenticamente boa, mas não se pode cultivar com muitas pessoas uma amizade baseada na excelência moral e no caráter de nossos amigos, e devemos dar-nos por felizes se encontrarmos uns poucos amigos desta espécie.”

Como eu disse em outro texto, parece que não é possível ser amigo de muitas pessoas, pelo menos no sentido pleno da amizade, porque não é fácil de agradar de modo totalmente satisfatório a muitos ao mesmo tempo.
Segundo Aristóteles, devemos procurar nos relacionar com o máximo de pessoas que pudermos, mas “o número desses amigos seria algo compreendido entre certos limites determinados.” Ou seja, devemos nos relacionar com todos, mas nem todos serão “chegados”. E o sábio Salomão já dizia: "O homem que tem muitos amigos sai perdendo, mas há amigo mais chegado do que um irmão" (Provérbios 18.24). Quando se trata de relacionamento, devemos valorizar quantidade, principalmente se falando da Grande Comissão, mas quando falamos de “panela pequena”, de pequenos grupos, aí então devemos valorizar não a quantidade e sim a qualidade.

Devemos nos socializar e relacionar com quantos puder, mas todos nós temos amigos mais chegados, com os quais temos mais liberdade para falar sobre determinados assuntos e nos sentimos mais à vontade para nos relacionarmos. Mas isso não nos impede de conhecer pessoas e fazer novas amizades, como é o caso da segunda definição acima proposto. O grupo apesar de pequeno não está fechado, a “pequena panela” não está tampada.

Lembro-me de Jesus, Ele se dava aos relacionamentos, sempre uma pessoa a mais o acompanhava, e Ele fazia o que lhe era possível para se relacionar com todos, porém mesmo assim Ele tinha aqueles que eram mais chegados. Jesus fazia parte de um grupo pequeno, goste ou não alguns, Ele fazia parte de uma “pequena panela”, destampada, mas pequena em nível de convivência. Com certeza aquele grupo de homens, amigos, não tinha um numero determinado de pessoas a participarem dele, ademais sabemos que doze foram eles contando com o traidor.

Se você se vê frente a essa ou àquela pessoa com quem percebe ter bastante afinidade, nada impede que isso evolua para uma produtiva e saudável amizade. Viver com as pessoas com quem se tem afinidade transmite uma sensação de companheirismo, cumplicidade e proteção.

As amizades são conseqüências do contato e bom relacionamento com as outras pessoas. Que nos seus círculos de amizades sempre possa haver espaço para mais um amigo entrar.

Lembre-se: aquele que conhece a Palavra de Deus é modelo para os outros e tem um diferencial no seu comportamento: é amigo, é companheiro e incentiva novas amizades, quanto mais ao que se diz Mandato do Senhor. Uma pessoa que age assim conseqüentemente impedirá de panelinhas fechadas, como as da segunda definição de proliferar e contaminar os relacionamentos dentro da igreja.

Tem gente que diz: Panelinha? Tô fora!

Depende gente! Panelinha ou pequena panela? Nem todos grupos pequenos são fechados!

Eu acredito como Aristóteles, que um grupo de amizade sempre será uma “pequena panela” e como Salomão que tem amigos que são mais chegados, mas também acredito, por aprender com Cristo a se dar a relacionamentos, que sempre cabe mais um!

Para muitas pessoas a palavra “panelinha” tem um significado, uma definição especial. Mas o que significa essa palavra para você?

Busquem o conhecimento para depois julgarem.

Graça e paz em seus relacionamentos com todos e em particular com os poucos que dividem a mesma panela.

Pra. Adriana Reis

Amizade Aristotélica

Aristóteles discorre sobre a natureza da amizade, e a discussão se faz necessária, pois ela é como ele mesmo disse uma virtude, e é, além disso, extremamente necessária à vida. “Com efeito”, afirma o filósofo, “ninguém escolheria viver sem amigos, ainda que dispusesse de todos os outros bens, e até mesmo pensamos que os ricos, os que ocupam altos cargos, e os que detêm o poder são os que mais precisam de amigos; de fato, de que serviria tanta prosperidade sem a oportunidade de fazer o bem, se este se manifesta, sobretudo e em sua mais louvável forma em relação aos amigos?”

Os antigos colocavam a amizade entre as mais altas virtudes. Era um elemento essencial à felicidade e ao pleno florescer da vida, e desta forma me lembro de Salomão que disse: “Assim como os perfumes alegram a vida, a amizade sincera dá ânimo para viver.” Provérbios 27:9. E “A amizade redobra as alegrias e corta os males em metades.” Francis Bacon, filósofo e político inglês. E "Pois sem amigos", diz Aristóteles, "ninguém escolheria viver, apesar de todos os outros bens". Palavras dignas de serem lembradas num mundo de “bens” perecíveis como o nosso.

Na Ética à Nicômaco, Aristóteles dedica dois livros (VIII e IX) ao tema da amizade. Sendo este um tratado de ética. Afirma que deve existir mais de uma forma de amizade, neste sentido apresenta três espécies de objetos de amor: o que agradável, ou útil ou bom.

Destes três objetos nascem três espécies distintas de amizade, e essas espécies de amizade fazem referência às qualidades que as fundamentam. Sendo então a amizade segundo o prazer, a amizade segundo a utilidade e a amizade segundo a virtude, ou a amizade perfeita conforme classifica Aristóteles.

Aqueles que fundamentam sua amizade SEGUNDO O PRAZER o fazem por causa daquilo que é agradável. Por exemplo, tem pessoas que têm muitas amizades não por causa do seu caráter, mas sim devido ao prazer que podem proporcionar umas às outras. Têm um prazer natural no convívio com os seus amigos. Deparamo-nos com este tipo de amizade em quase todos os períodos de nossa vida. Na escola, na igreja e em outros lugares.

Por exemplo, podemos identificar as pessoas cheias de vivacidade, que mantêm quase sempre um amplo círculo de amizade. Mas isso não se deve ao que são em si mesmas, e nem por causa do seu caráter, mas apenas por causa do prazer que podem proporcionar aos outros e também receber.

As amizades SEGUNDO A UTILIDADE são também de natureza semelhante, é estabelecida pelo bem que uma pessoa pode receber da outra. Mais uma vez, as pessoas envolvidas neste tipo de relação não amam por causa do seu caráter, mas sim devido a uma utilidade.

Podemos identificar esse tipo de amizade, por exemplo, nas relações de trabalho, nas relações escolares e acadêmicas. Ou então quando temos uma equipe ou um grupo que luta por um objetivo ou por um bem comum. Essas pessoas, neste caso, não se amam e não desejam a companhia umas das outras por si mesmas, mas mantêm uma relação de amizade porque isso resultará em um bem para si próprio.

Não há da parte dessas pessoas um interesse pelo o humano, pelo individuo, pelo o outro, mas um desejo de domínio sobre questões que lhe são interessantes. Como diz uma frase de autor desconhecido por mim, à amizade dessas pessoas “É a alimentação dos fracos e é reino dos fortes.”

Tanto a amizade segundo o prazer quanto a amizade segundo a utilidade são geralmente efêmeras, passageiras, se desfazendo facilmente. São de fato muito passíveis de dissolução se as partes não permanecem iguais, isto é, quando deixam de ser agradáveis ou úteis. Ora geeeeeente, a natureza da utilidade não é de permanência, mas de constante variação, assim, quando o motivo que os tornou amigos desaparece, a amizade também se dissolve.

A amizade pode cessar quando não houver mais interesses. Esse fato ocorre quando um ama o outro visando o prazer ou a utilidade, e esse outro não possui ou deixa possuir as qualidades que se espera. Ou seja, um não amava o outro por si mesmo, à vista que suas qualidades também não eram duradouras. Nesse sentido, os desentendimentos ocorrem quando o que as pessoas obtêm é algo diferente daquilo que desejam.

Alguns lamentosos pelo desaparecimento da amizade tentam encontrá-la de novo, mas é preciso muito cuidado com as amizades rompidas (dependendo de sua fundamentação), quando há o interesse de reatamento, pois como disse François La Rochefoucauld, Duque Francês, “As amizades renovadas exigem mais cuidados do que aquelas que nunca foram interrompidas.” E tem um ditado que diz assim: "De amigo reconciliado, guarda-te dele como do diabo." (risos!) Não é de rir não! Mas não deixa de ser verdade!

De qualquer forma aquele que ama o amigo que cuide da relação! Em Provérbios 18.19 diz: “É mais difícil ganhar de novo a amizade de um amigo ofendido do que conquistar uma fortaleza...” É bom que se procure fazer o bem, mas se de tudo não encontrar a amizade perdida, bola pra frente e sorria pra vida! Como disse um escritor irlandês, Oscar Wilde, “A melhor maneira de começar uma amizade é com uma boa gargalhada. De terminar com ela, também.”

Um escritor da Roma Antiga, Públio Siro, afirmava que: “A amizade que acaba nunca principiou.” Pois bem! Não principiou por causa de sua fundamentação! Por essa razão, disse Aristóteles: “quando desaparece o motivo da amizade, esta se desfaz, pois existia apenas como um meio para se chegar a um fim.” Parece-me claro aqui que uma das partes é usada (por ser útil) pela outra para aquisição de coisas individuais ou pessoais. Não vejo aqui um amigo certo, mas um incerto, e como se diz em um velho ditado: "Quando o amigo não é certo, um olho fechado e outro aberto." E bem aberto!

Apesar de eu acreditar que aja a possibilidade, disse: possibilidade, de um amigo incerto se tornar certo. E isso só se dá com a mudança de sua fundamentação na amizade. Mas de igual modo acredito que há a possibilidade deste amigo incerto ser um inimigo certo.

Digo mais, melhor é que saibamos qual a fundamentação da amizade que nos é oferecida, se ela é baseada no prazer, utilidade ou virtude, pois como diz outro ditado: "Um amigo falso é um inimigo secreto." E: Um amigo falso e maldoso é mais temível que um animal selvagem; o animal pode ferir seu corpo, mas um falso amigo irá ferir sua alma.” Buda. E como disse um filósofo moralista e historiador francês, Jean Rostand: “Um amigo e a pessoa a quem mais se da credito quando fala mal de nós.” Amigo aqui entre aspas, é claro! Pois o amigo não fala mal do outro a quem ama. E: “O amigo quer o nosso bem, mesmo quando nos fere; mas, quando um inimigo abraçar você, tome cuidado!” Provérbios 27.6

Então para que não surjam desagradáveis surpresas, decepções e lamentos, é bom que saibamos onde pisamos, porque "Mais prejudicial é o amigo fingido que o inimigo descoberto." Outro ditado.

É preciso muito cuidado, pois algumas amizades precisam ser totalmente evitadas: "Bem aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores.” Salmo 1:1 Quando outros querem nos conduzir ao erro, precisamos sair correndo: "Foge da presença do homem insensato, porque nele não divisarás lábios de conhecimento. A sabedoria do prudente é entender o seu próprio caminho, mas a estultícia dos insensatos é enganadora. Os loucos zombam do pecado, mas entre os retos há boa vontade." Provérbios 14:7-9.

Já a amizade SEGUNDO A VIRTUDE só pode se estabelecer entre os homens que são “bons e semelhantes na virtude, pois tais pessoas desejam o bem um ao outro de modo idêntico, e são bons em si mesmos.” Aristóteles.

A amizade segundo a virtude, ou a amizade perfeita, como a chama Aristóteles, é perfeita “tanto no que se refere à duração quanto a todos os outros aspectos, e nela cada um recebe do outro, em todos os sentidos, o mesmo que dá, ou algo de semelhante.”

Assim, afirma Aristóteles: “Por uma extensão da palavra amizade, poderíamos dizer que a benevolência é a amizade inativa, não obstante, quando se prolonga e chega ao ponto da intimidade, ela passa a ser amizade verdadeira. Mas não se trata da amizade baseada na utilidade ou no prazer, pois a benevolência não se manifesta em tais condições.”

A perfeita amizade é a que subsiste entre aqueles que são bons e cuja similaridade consiste na bondade; pois esses desejam o bem do outro de maneira semelhante: na medida em que são bons (e são bons em si mesmo), porque assim se sentem em relação a eles, e não por uma mera questão de circunstâncias, assim, a amizade entre essas pessoas permanece enquanto elas são boas; e a bondade traz em si um princípio de permanência...

Encontra-se em posição de superioridade aquela que é motivada pelo bem, pois é duradoura. Enquanto a agradável e a útil, as pessoas buscam seus próprios interesses para terem alguém que lhes proporcionem prazer ou alguma utilidade. Não ama o amigo por ele mesmo, mas na medida em que ele pode proporcionar algum bem, utiliza a amizade para conseguir outra coisa, de modo que o amigo é tido como um meio; não como um fim.

Conforme o que disse Aristóteles: "... a amizade perfeita existe entre os homens de bem e os que são semelhantes a respeito da excelência. Estes se querem bem uns aos outros, de um mesmo modo. E por serem homens de bem são amigos dos outros pelo que os outros são. Estes são assim amigos, de uma forma suprema. Na verdade querem para os seus amigos o bem que querem para si próprios. E são desta maneira por gostarem dos amigos como eles são na sua essência, e não por motivos acidentais. A amizade entre eles permanece durante o tempo em que forem homens de bem; e, na verdade, a excelência é duradoura. Cada um deles é um bem absoluto para o seu amigo. Os homens de bem são absolutamente bons e úteis aos outros; também são agradáveis entre si, porque quem é absolutamente bom é também absolutamente agradável. (...) se, por outro lado, as ações dos homens de bem são iguais entre si ou pelo menos semelhantes umas às outras - então, tal amizade baseada na excelência é, com bom fundamento, duradoura, porque ela combina em si todas as qualidades que os amigos devem ter...”

As pessoas que ainda não alcançaram a bondade e a virtude tem amizades apenas segundo o prazer ou a utilidade, não tendo uma relação virtuosa, ou uma amizade perfeita. No entanto, segundo Aristóteles, os homens bons, por sua vez, pode estabelecer relações segundo o prazer ou a utilidade. Mas apenas os bons podem estabelecer uma amizade segundo a virtude. Neste sentido, já que Aristóteles discorre o assunto em um tratado de ética, fica clara a correspondência que há entre ética e amizade. Ser amigo é ser ético!

E por amizades acidentais são consideradas aquelas que se fundamentam no interesse derivado do amor a utilidade e não ao outro por si mesmo, assim elas são facilmente capazes de se fragmentarem quando uma das partes cessa de ser agradável ou útil, pois existia apenas como um meio para se chegar a um fim. O verdadeiro amigo quer as coisas boas e de bem a quem ele ama e o amigo por acidente as quer para si.

Num plano ainda mais elevado, a perfeita amizade constitui amizades por bondade, nas quais um amigo ajuda outro a viver uma melhor vida, que estende a mão para libertar e não aprisionar. Neste tipo de amizade, as pessoas querem o bem uma da outra. Essas pessoas que são assim amigas buscam verdadeiramente o bem do seu semelhante, e isso pelo simples fato de serem boas, elas “serão amigas por si mesmas, isto é, por causa de sua bondade.” (Aristóteles) e como disse o escritor de “O pequeno Príncipe” e piloto da Segunda Guerra Mundial, Antoine de Saint-Exupéry, a “Felicidade! É inútil buscá-la em qualquer outro lugar que não seja no calor das relações humanas... Só um bom amigo pode levar-nos pela mão e nos libertar."

Segundo os debates filosóficos, os amigos tinham o dever de ajudar o outro conquistar uma vida melhor, não uma vida melhor de coisas terrenas, mas uma vida de virtude. Então aqueles que têm amizade de verdade desejam o bem do amigo, de acordo com o fundamento da sua amizade, desse modo, aqueles cujo fundamento é o prazer e/ou a utilidade, não têm amizade realmente pelo outro, mas apenas na medida em que recebem um bem do outro, se esquecendo de seus deveres. Vale aqui acrescentar as sábias palavras de Sêneca que dizem: “Procurar a amizade pela utilidade que possa envolver, fugindo aos deveres que ela implica, é roubar-lhe toda a sua dignidade.”

Aristóteles afirmou: "Tais amizades são, de fato, raras, porque são poucos os homens desta estirpe. Além do mais, é preciso tempo e cumplicidade, pois, tal como diz o provérbio, não é possível que duas pessoas se conheçam uma à outra sem antes terem comido juntas a mesma quantidade de sal. Nem se pode reconhecer alguém como amigo antes de cada um se ter mostrado ao outro digno de amizade e merecedor de confiança. Pessoas que depressa produzem provas (exteriores) de amizade entre si querem ser amigos, mas não podem sê-lo logo. É preciso primeiro que se tornem dignos de amizade e se possa reconhecer neles essa mesma dignidade. O desejo de amizade nasce depressa, mas a amizade não." Sábio Aristóteles!

São poucas as probabilidades de amizade desse tipo, porque as pessoas desse tipo são raras, segundo considera o filosofo. Além disso, pressupõem-se todas as qualificações exigidas como o tempo e intimidade, pois, como diz Aristóteles, as pessoas não podem se conhecer até que tenha “comido juntas a mesma quantidade de sal”, nem podem de fato ser amigos, até que cada um se mostre ao outro e dê provas de ser objeto apropriado para a amizade.

Lembro-me agora de uma frase que traduz bem pra mim: “comido juntas a mesma quantidade de sal” que diz: "Seja cortês com todos, mas íntimo de poucos, e deixe estes poucos serem bem testados antes que você dê a eles a sua confiança. A verdadeira amizade é uma planta de crescimento lento, e deve experimentar e resistir os choques da adversidade antes de ser receber o nome de amizade." George Washington. E talvez como Confúcio disse: “Para conhecermos os amigos é necessário passar pelo sucesso e pela desgraça. No sucesso, verificamos a quantidade e, na desgraça, a qualidade.”

Não adianta dizer-se amigo somente... Existem pessoas que alardeiam a amizade o tempo todo, e como disse Machado de Assis: “Não é amigo aquele que alardeia a amizade: é traficante; a amizade sente-se, não se diz.” Deste modo, todo cuidado é pouco com os traficantes de amizade em que cedo chegam com promessas de uma amizade verdadeira! Aqueles que iniciam apressadamente uma relação com gestos amigáveis querem ser amigos, mas não o são, ou seja, o desejo de amizade pode surgir rapidamente, mas não a amizade propriamente dita.

Recordando um pouco até aqui então: Aqueles cujo fundamento da amizade é o prazer, fazem pelo outro o que é prazeroso a si mesmo; ou seja, não em função daquilo que a pessoa é, mas na medida em que ela é agradável. Aqueles cujo fundamento da amizade é a utilidade, amam seus amigos pelo que é útil para si mesmo. Essas Amizades são, portanto circunstanciais: pois que o objeto não é amado por ser o que é, mas pelo que fornece de vantagem ou prazer, conforme o caso. Aqueles cujo fundamento da amizade é a virtude, amam o amigo por ele mesmo, e não por outra coisa e são bons em si mesmo.

A amizade, no seu sentido mais vasto, é hoje tão indispensável, ou mais indispensável, que no passado. Num mundo como o nosso, com relações tão abstratas e mercantilizadas. O espaço da amizade e o enriquecimento existencial que ela faculta, é-nos essencial. Ela é um processo de conhecimento e aprendizagem: “A amizade é o meio pelo qual cada um de nós aprende a conhecer-se a si mesmo como um outro” disse um Filósofo e pensador Frances, Paul Ricœur.

Somos seres dependentes de afetos, dependentes dos outros. Cícero dizia que “Um amigo é, ou é como se fosse, um segundo eu” E Tchuang-Tseu, filosofo chinês “Se não houver outros eu, não há eu”. O nosso eu só se concretiza e existe pelo eu dos outros, como um seu reflexo, já dizia o poeta inglês George Herbert, “o nosso melhor espelho é um amigo antigo.” Lembrando ainda da qualificação exigidas, o tempo.

Sem o calor da amizade e do amor, o mundo seria insuportável, lembra-nos também Aristóteles. Agora, parece que não é possível ser amigo de muitas pessoas, pelo menos no sentido pleno da amizade, porque não é fácil de agradar de modo totalmente satisfatório a muitos ao mesmo tempo. Mas falarei melhor sobre isso em outra oportunidade (Leiam o texto com o titulo “Panelinha!”).

Em relação às boas amizades, aos bons amigos, Aristóteles disse: “devemos tê-los tantos quantos pudermos...” Mas segundo ele o número desses amigos seria algo compreendido entre certos limites determinados. “Em relação aos amigos, igualmente, há um número limitado - talvez o maior número de pessoas com as quais se possa conviver (considera-se que a convivência é a característica por excelência da amizade), mas é óbvio que uma pessoa não pode conviver com muitas outras nem dividir-se entre elas.”

“Considera-se que as pessoas que têm muitos amigos e confraternizam intimamente com todos não são amigas sinceras de qualquer deles...” Segundo Aristóteles, os amigos só seriam sinceros se sua amizade fosse de fundamentação virtuosa, e ainda acrescenta, que mesmo assim seria impossível ter uma amizade excelente e/ou virtuosa com todas as pessoas “não se pode cultivar com muitas pessoas uma amizade baseada na excelência moral e no caráter de nossos amigos...” e sabiamente prossegue ele que “devemos dar-nos por felizes se encontrarmos uns poucos amigos desta espécie.”

É...! Quantos amigos eu pensei que tinha e quantos, a final, o são. Poucos são os que partilham comigo a excelência de sermos amigos sem outro qualquer interesse que não apenas o mesmo e comum ponto de vista sublime, a mesma e comum excelência aristotélica... Dou-me por feliz pelos poucos amigos desta espécie que tenho!

Embora essas palavras de Aristóteles tenham sido escritas há mais de dois mil e trezentos anos, continua atual. Podemos claramente reconhecer nossos próprios relacionamentos em suas palavras, fazer uma autocrítica e refletir sobre a banalização do sentimento de amizade nos dias atuais.

Partindo desse texto espero que façam uso adequadamente da palavra amizade em seu verdadeiro sentido para com aqueles a quem chamam de amigos.

E como tudo que é humano, a amizade contém em si a nossa ambivalência, as nossas contradições. Seja como for, a amizade não é apenas um ideal, que os infortúnios mostram ser ilusório. A amizade existe. Necessitamos dela, criamo-la, com diferentes conteúdos e diferentes exigências.

Podemos, em certos casos, pensar como Sartre, e dizer que “O Inferno são os outros”, ou dizer, como Benjamin Franklin, que apenas “há três grandes amigos na vida: “a velha esposa, o velho cão, e dinheiro à mão.” Mas, na sua essência, tais afirmações não deixam de ser posições de ocasião, reflexos de momentos e sentimentos desencantados do homem e da vida, que não anulam a nossa persistente procura de amizade, e a importância e necessidade que lhe atribuímos.

Não desistam nunca de fazer amigos, pois nessa insistência pode ser que encontre virtude, persistam sempre, pois “A persistência é caminho de êxito.” Charlie Chaplin

E para terminar, digo, que é sempre tempo para se dizer a um amigo o quanto ele significa em sua vida e o quão especial ele é. Então digo a vocês que partilham comigo dessa excelente e virtuosa amizade: Amo vocês gratuitamente e agradeço a Deus pela oportunidade de dividirmos nossas vidas! Agradeço a Deus por eu brilhar mais através de vocês, assim como Sócrates, acredito em que “Para conseguir a amizade de uma pessoa digna é preciso desenvolver em nós mesmos as qualidades que naquela admiramos.” Obrigada por me fornecerem qualidades tão essenciais a minha vida!

E lhes digo essas palavras, pois "Um homem deve manter suas amizades em constante manutenção." Samuel Johnson. E não se esqueçam, a amizade verdadeira traz benefícios mútuos: "Como o ferro com o ferro se afia, assim, o homem, ao seu amigo" Provérbios 27.17

Graça e Paz

Pra. Adriana Reis

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Uma breve Análise de 2Tm 2:22

A palavra foge é tradução do termo grego pheudo, que significa Fugir, escapar, buscar a segurança, e, em sentido moral, evitar, esquivar-se.

Existem tentações que podem ser evitadas se fugirmos delas, ao invés de as enfrentarmos, como é o caso das tentações de ordem sexual, que estão particularmente em vista dentro da expressão paixões da mocidade.

O jovem de Deus evitará com cuidado aqueles lugares, aquelas circunstancias e aqueles indivíduos que o sujeitem a tentações que por ventura não conseguem controlar. Nunca confiará indevidamente em suas próprias forças. Sua maneira de vida, sua conduta servirá de agente, por si mesma, para livrá-lo de tentações desnecessárias.

Paixões da mocidade. Podemos compreender essa expressão como tendências incontroláveis da juventude, que poderiam servir de empecilho a um jovem pastor, como a impaciência, a aversão à autoridade, o repudio a rotina, as convicções exageradas sobre questões teológicas e os pecados sexuais que estão especificamente em foco.

O termo grego aqui traduzido como paixões, isto é, epihtumia, que com freqüência significa qualquer tipo de desejo ou anelo, é freqüentemente usado para indicar desejos desordenados, geralmente de natureza sexual.

O jovem de Deus evitará com cuidado aqueles lugares, aquelas circunstancias e aqueles indivíduos que o sujeitem a tentações que por ventura não conseguem controlar. Nunca confiará indevidamente em suas próprias forças. Sua maneira de vida, sua conduta servirá de agente, por si mesma, para livrá-lo de tentações desnecessárias.

O bom cristão deve saber tanto como, fugir, quanto como, perseguir um alvo, convém que persiga aquilo que é bom. Este verso define esta atitude como a busca diligente por qualidades como a santidade, a fé, o amor e a paz, isto é, as virtudes morais positivas. Tais virtudes são cultivadas em nós pelo Espírito Santo. A busca por parte do homem, é que fornece ao Espírito a oportunidade de cultivar em nós essas qualidades.

Sigamos essas virtudes à semelhança de um atleta, que tanto se esforça para obter troféu, ganhando a corrida ou tornando-se o vencedor da luta. Não poupemos treinamento, não consideremos qualquer sacrifício grande demais, contanto que obtenhamos essa extraordinária vitoria.

Justiça. No grego é dikaiosune, que significa retidão, direito. A retidão que o crente deve possuir é a própria retidão de Deus, nenhuma outra variedade de justiça poderá jamais entrar nos lugares celestiais, pois nenhuma outra variedade de justiça é suficientemente pura para aqueles lugares.

Portanto, cumpre-nos ser santos como o próprio Pai celeste é santo (Mt 5.48 "Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai, que está nos céus."); e isso tem lugar através do poder santificador e transformador do Espírito Santo. Essa retidão é atribuída a nós por decreto divino, por estarmos em Cristo, quando então sua justiça é considerada como nossa.

Fé. A fé como virtude, como uma qualidade cristã da vida. Essa virtude da fé leva um homem a ser, fiel as suas tarefas cristãs, opondo-se aos falsos ensinamentos, procurando-se desenvolver-se na piedade pessoal, para que seja fiel ao seu chamamento cristão em todas as maneiras, e não meramente em alguns pontos mais favoráveis, de execução mais fácil. A fidelidade que leva alguém a ser digno de confiança, é produto da fé como virtude.

Amor. Amor dos homens por seus semelhantes. É um dos aspectos do fruto do Espírito Santo (Gl 5.22 "Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança."), pois nenhum homem pode amar como deve, exceto através da influencia do Espírito de Deus.

O Espírito Santo, ao propiciar-nos a natureza moral de Cristo, forma em nós o amor de Cristo, o qual, ato continuo, expressamos para com os outros (Jo.14.21 "A pessoa que aceita e obedece aos meus mandamentos prova que me ama. E a pessoa que me ama será amada pelo meu Pai, e eu também a amarei e lhe mostrarei quem sou. e 15.10 Se obedecerem aos meus mandamentos, eu continuarei amando vocês, assim como eu obedeço aos mandamentos do meu Pai e ele continua a me amar.")

Paz. Essa virtude é igualmente um dos aspectos do fruto do espírito Santo. Antes de tudo consiste na harmonia e do bem estar no tocante a Deus e as realidades espirituais; e isso obtido mediante a reconciliação com Deus, através de Cristo Jesus (Col.1.20 "e que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra como as que estão nos céus." E Rm 5.1 "Sendo, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus por nosso Senhor Jesus Cristo."). E então visto que somos restaurados a harmonia com o Senhor, passamos a viver em paz com os outros.

Coração. Indica o homem interior, o homem essencial, a alma. Quando o coração é puro o resultado e a paz e a harmonia. Este verso diz respeito a paz dentro da igreja cristã, porquanto, neste mundo, teremos somente tribulações.

"Não deixe que nada o preocupe ou faça sofrer, pois a mocidade dura pouco." Eclesiastes 11.10

"Jovem aproveite a sua mocidade e seja feliz enquanto é moço. Faça tudo o que quiser e siga os desejos do seu coração. Mas lembre de uma coisa: Deus o julgará por tudo o que você fizer." Eclesiastes 11.9

"Mas eu manterei a aliança que fiz com você na sua mocidade e farei com você uma aliança que durará para sempre." Ezequiel 16.60

Graça e Paz.

Pra. Adriana Reis

Dias de mudança...

Uma questão: Como as igrejas devem desenvolver sua prática evangelizadora dentro do contexto de globalização e pluralismo religioso característico do Brasil?

Através da globalização vemos mudanças positivas que possibilitam a expansão do evangelho, por outro lado, a pluralidade das grandes tradições religiosas chega a nossos olhos, abrindo caminho para a concorrência entre diversas instituições religiosas que se lançam em uma competitividade, fazendo com que a religião, seja moldada pelo “gosto do freguês”, e isso amados irmãos não é nada bom!

Segundo percebo, o cristianismo é altamente relevante na sociedade contemporânea, para trazer de volta os fundamentos da sociedade segundo o coração de Deus e da moralidade, e para responder a questões que só o cristianismo pode responder. Contudo, num contexto pluralista em que vivemos, convicções como a minha têm sido continuamente questionadas hoje.

Muitos cristãos estão sendo acuados pelo caos teológico em que vivem a ponto de não terem coragem de assumir a verdade do cristianismo em face das pressões que sofrem em nossa sociedade pluralista. A sociedade contemporânea não aceita que haja um padrão de verdade e ninguém pode sair por aí pregando e vivendo a verdade. É assim o ambiente em que os nossos filhos estão crescendo. Em tal ambiente é extremamente difícil ser o povo da verdade.

Precisamos educar os nossos filhos e o povo de Deus a não terem medo de expressar a sua fé na verdade da Palavra de Deus. É exatamente para esse fim que o povo de Deus tem sido convocado: para falar da verdade e para vivê-la, afinal “o mundo é nossa paróquia” (John Wesley). Como um povo da verdade, os cristãos devem resistir à tentação de ficarem em silêncio. O silêncio e a hipocrisia podem minar a verdade, e o cristianismo pode vir a cair no descrédito. O protesto dos cristãos diante disso é urgente e absolutamente necessário, a fim de que Deus seja honrado através de nosso testemunho da verdade e vida na verdade.

Respondendo a questão

Diante de tantas mudanças, a Igreja cristã não deve se isolar, e sim proteger a verdade. Se ela se acovarda em uma caverna, como Elias fez diante das investidas de Jezabel, a igreja vai perder a sua verdadeira identidade.

Ela deve aceitar o desafio de contrariar o tempo presente, saindo para minar os campos alheios. Ela não deve isolar-se, porque se o fizer, estará negando a sua missão de ser proclamadora do reino, de ser sal no meio desta geração pervertida e corrupta. Ela não deve temer a crítica ou o desprezo. Ela tem que sair do gueto para ser luz! Se ela sair, não será destruída, porque o Senhor dela, na sua fidelidade, se encarregará de abençoá-la. O Senhor haverá de protegê-la enquanto ela lutar contra as outras "verdades" do pluralismo religioso e teológico.

A prática evangelizadora só se desenvolverá se a igreja for ativa, saindo do sono e indo ao encontro daqueles que ainda não experimentaram as boas novas de Cristo Jesus.

Estamos vivendo num tempo de muitas mudanças fundamentais. Portanto, precisamos obedecer à recomendação da Palavra de Deus de conhecer os tempos, que "já é hora de vos despertardes do sono..." (Romanos 13.11).

Graça e paz nestes dias.

Pastora Adriana Reis

Cumplicidade

Não existe nenhuma formula ou teoria universal a respeito das uniões duradouras, mas existem certas regras que todo casal que quer ter uma relação longa deveria respeitar, vários são os elementos que fazem um relacionamento dar certo. Porém, existem alguns que são essenciais para que uma relação a dois seja duradoura. Nesse texto cito dentre eles a cumplicidade. Sem ela, dificilmente o relacionamento toma forma e se fortalece.

De acordo com os dicionários (Houaiss e Informal), (1) a cumplicidade está relacionada à conivência na participação de um delito ou crime de outrem. No uso informal, (2) cúmplice é aquele que colabora com outrem na realização de alguma coisa; sócio, parceiro. É apoiar o outro, saber ouvir o que o outro tem a dizer.

Trazendo isso para a vida conjugal/amorosa, fica claro que o termo cumplicidade quer dizer participação, já que, se espera que ambos os lados participe da vida um do outro, pois desde a união compartilham da mesma vida, da mesma historia.

Não falo de uma cumplicidade participativa em delitos ou cega e injusta, pois sou a favor da retidão, mas de uma cumplicidade de amizade, entendimento, apoio, onde nenhuma das partes se encontre neutra diante de questões/situações, não tomando parte entre forças contrarias. Apoiar um ao outro é de suma importância! E isso é “estar do lado de” sim... Estou falando de parcialidade... Pelo menos no caso em questão.

O dicionário Houaiss trás: (4) cúmplice é aquele que possibilita, favorece. E assim falo de uma cumplicidade de favorecimento àquele que permanece ao seu lado.

Entãoooo de parcialidade, já que o antônimo de cumplicidade é imparcialidade, considero e entendo esse termo como: duas pessoas que tenham uma mesma causa (Dicionário Informal), que é a relação conjugal.

Não estou dizendo que temos que ser cúmplice partilhando dos erros (crimes) do outro, mas estou dizendo que mesmo assim é preciso estar de alguma forma em defesa do outro, ao seu lado como apoio para que ele possa escorar-se.

A cumplicidade é um elemento base para um relacionamento, não o maior deles, mas é um de alguns, que por sorte comentarei sobre eles em outra oportunidade. Bem... Quando o casal é cúmplice, ele se torna IMBATÍVEL, pois se cria uma parceria onde o relacionamento tende a crescer e ficar forte, como disse antes.

Quando caminhamos juntos, não somos somente uma vida, uma pessoa. Somos muito mais que isso, passamos a ser responsáveis pela vida do nosso COMPANHEIRO. Se não houver essa parceria, o relacionamento fica fadado ao fracasso. É necessário que um participe da vida do outro, que as decisões sejam compartilhadas e que haja respeito e compreensão às opiniões contrárias.

A cumplicidade nos objetivos comuns se faz um relacionamento sadio. Cumplicidade esta, que acredito eu, repousa na predisposição às mudanças em razão da felicidade de quem amamos. Acredito que nenhuma relação poderá ser mantida por muito tempo apenas por uma das partes. Se não existir cumplicidade não existe casal, não existem pessoas que VIVEM juntas e sim, apenas duas pessoas que MORAM juntas.

Cumplicidade tem tido seu significado talvez confuso quando se tratando de relacionamentos, mas em tese, está relacionada à conivência na participação de um delito ou crime. Por mais que se pretenda utilizar a palavra cumplicidade com um atributo relativo a casamento/amizade, esta conotação deturpa o propósito real da palavra (Informal). Mas ouvimos, lemos em textos, poemas e somos questionados a respeito da cumplicidade entre casal. O que seria então, se não participação de um crime? Baseando-me em todos os seus significados (expostos alguns deles), concluo: Cumplicidade (não no seu sentido original/real da palavra) como COMPANHEIRISMO.

Em fim... Torna-se necessário que no relacionamento conjugal, como em qualquer outro, haja uma cumplicidade que leve a uma interação, uma participação, colaboração, parceria, solidariedade. Cumplicidade é estar juntos, é fazer juntos, é vibrar, sonhar, sentir, participar das alegrias, das tristezas, vitorias ou derrotas um do outro.

Dicas

Lembrem-se a cumplicidade surge também no apoio e nos conselhos;

A cumplicidade é participação! Participe da vida do outro, divida questões do seu dia-dia com seu cônjuge, isso fará com que ambos cresçam;

A cumplicidade traz segurança e sintonia para ambas as partes;

O cúmplice é alguém com quem podemos pensar alto;

A cumplicidade não depende de tempo de relacionamento, e sim de atitude!

A cumplicidade no casamento em especial, pode ser uma garantia de estabilidade conjugal, pois torna o cônjuge parceiro de uma história e não apenas um coadjuvante sem identidade;

Ser cúmplice não é partilhar dos erros (crimes) do outro, mas estar mesmo assim em defesa do outro;

Hoje o casal que não tem nenhuma cumplicidade está seriamente ameaçado de ver o casamento chegar ao final “antes que a morte os separe.”

Muitos casais têm errado na forma como conduzem seu casamento, e isso se dá por não buscarem no inventor a solução e orientação. Quem melhor do que o próprio Criador para ensinar como o seu invento funciona?

O casamento faz parte de um projeto de investimento. Invista no seu! “É melhor serem dois, porque duas pessoas trabalhando juntas podem ganhar muito mais” (Eclesiastes 4.9).

Graça e Paz.

Pra. Adriana Reis.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Receita de ano novo (Carlos Drummond de Andrade)

Receita de ano novo

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser; novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)

Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.


(Carlos Drummond de Andrade)

Caros amigos e irmãos, o ano novo se tornou uma data muito significativa, pois temos perspectivas de tempos melhores. Ano novo é símbolo de vida nova. A passagem de um ano para outro vem acompanhada de desejos de transformação, onde esperamos dar uma virada em nossas vidas, dispostos e com o firme propósito de deixar de lado maus hábitos e velhos defeitos. Dizemos a nós mesmos que tudo será diferente e melhor, mas com certeza falharemos mais uma vez se apenas deixarmos os maus costumes de lado, sem nos habituarmos a levar uma vida realmente voltada para Deus.

A busca do Senhor é o mais importante na vida. Procure-O agora mesmo, e comece o novo ano com novas perspectivas no Senhor! Paulo se empenhava em viver uma vida vitoriosa, prosseguia em direção ao objetivo, em direção a Cristo: “... prossigo para o alvo..." (Fp 3.14).

Que tenhamos um ano novo, uma vida nova, que se manifestará em novos anseios e em novos rumos. Desejo a todos um ano muito abençoado, um ano em que nossos hábitos e costumes nos levem para mais perto de nosso Senhor e Mestre Jesus.

Graça e Paz.

Pra. Adriana Reis

A Força da Igreja

“Unir-se é um bom começo, manter a união é um progresso e trabalhar em conjunto é a vitória” Henry Ford Quero falar sucintamen...