quarta-feira, 28 de julho de 2010

Sobre o amor...

Quem entende o amor? Qual sua medida?

A palavra amor (do latim amor) presta-se a múltiplos significados na língua portuguesa. Pode significar afeição, compaixão, misericórdia, ou ainda, inclinação, atração, apetite, paixão, querer bem, satisfação, conquista, desejo, libido, etc. O conceito mais popular de amor envolve, de modo geral, a formação de um vínculo emocional com alguém, ou com algum objeto que seja capaz de receber este comportamento amoroso e enviar os estímulos sensoriais e psicológicos necessários para a sua manutenção e motivação (Wikipedia).

Acima um conceito. Mas o amor é tão mais que um conceito. Em todos os tempos culturas diferentes e pessoas dos contextos mais díspares possíveis têm apresentado definições do amor, muitas vezes banalizando-o. Tido por muitos como a força que move o mundo, ele é debatido, estudado, virado, revirado e vivido intensamente, mas ninguém consegue compreender os mecanismos que guiam esse embaraçoso sentimento. Como disse um escritor alemão, O. K. Bernhardt “Quem quer estudar o amor, nunca deixará de ser estudante”

Segundo o poeta Rabindranath Tagore “O amor é um mistério sem fim, já que não há nada que o explique.” E por essa aura de mistério que o cerca e por ser ele fascinante, os homens desde o início dos tempos, não param com teorias e especialidades criadas com o intuito de tentar explicá-lo. Sem sucesso, digo de passagem. Pois “O amor não se define; sente-se” Sêneca.

E mesmo o sentindo não se consegue explicá-lo, “Se você sabe explicar o que sente, não ama, pois o amor foge de todas as explicações possíveis” Carlos Drummond de Andrade. E também como disse o escritor e psicanalista Roberto Freire “Quem começa a entender o amor, a explicá-lo, a qualificá-lo e quantificá-lo, já não está amando.” Enfim “Pobre é o amor que pode ser descrito!” William Shakespeare

Mas os homens não se cansam de tentar defini-lo, tantos nomes ele ganhou de diferentes povos no decorrer da historia, fala-se dele das mais diversas formas: amor físico, amor platônico, amor materno, amor a Deus, amor a vida, amor romantico, Eros, Psique, Pragma, Philia, Storge, Ludus, Ágape e tantos outros!

Disse um discípulo a seu mestre hindu: “Sempre desejei saber se era capaz de amar como o senhor ama - Mas como vou saber se meu amor é grande o suficiente?”

O mestre respondeu: “Procure saber se você se entrega, ou se você foge de suas emoções. Mas não faça perguntas como esta, porque o amor não é grande nem pequeno; é apenas amor, e não se pode medir um sentimento como se mede uma estrada. Se você tentar dimensioná-lo, estará enxergando apenas seu reflexo, como o da lua em um lago; não estará percorrendo seu caminho.”

Tantos nomes ganhos por ser sentido por diferentes pessoas. Mas no final, amor é puramente amor! O amor pode ser entendido de diferentes formas, e tomado por certo conquanto é um sentimento, dessa forma é abstrato, sem forma, sem cor, sem tamanho ou textura. Mas é por si só o sentimento em excelência!

“A concepção que temos do amor é a essência das nossas relações pessoais, mas hoje vivemos no tempo do amor líquido”, disse um professor da PUCCAMP, considerando as palavras de um dos grandes teóricos da modernidade atual, o sociólogo polonês Zygmunt Bauman, também professor, nas Universidades de Varsóvia, na Polônia, e de Leeds, na Inglaterra. “Essa é a era da impermanência e da volatilidade das relações humanas e isso tem reflexos inevitáveis no nosso entendimento de tudo. Inclusive do amor.”

Amor liquido, sem consistência! As relações pessoais estão cada vez mais precárias, e isso é significante! Relacionamentos consistentes é de suma importancia para o conhecimento do amor. Vejam bem:

Jesus referia-se a Deus como meu papai, e isso foi novidade na sua época, onde na cultura religiosa nem se pronunciava o nome de Deus em alta voz. O povo pensava em Deus como criador e juiz da humanidade. De repente aparece Jesus se referindo a Deus como pai, coisa que eles nunca fizeram!

As pessoas acharam Jesus perigoso e meio maluco, alguns diziam que ele deveria ser julgado e condenado por se fazer filho de Deus! O povo acreditava que Jesus queria alguma coisa a mais do que simplesmente apresentar Deus como pai. Não gostavam de ouvir Jesus chamar Deus de pai, porque não entendiam o relacionamento de Jesus e Deus, não entendiam a consistente relação de intimidade deles. Como alguém poderia ser intimo de Deus? E a ponto de chamá-lo de pai?

Você acredita sinceramente que Deus te ama? Que ele te ama gratuitamente e incondicionalmente? Talvez não acredite! Eu sei. Não acredita no amor de Deus porque não conhece o amor, não se relaciona com as pessoas e não se permite amar, independente de suas razões. Você jamais entenderá o amor de Deus se não amar, e não amará se não relacionar!

“Precisamos amar para não adoecer” Sigmund Freud. “O homem não morre quando deixa de viver, mas sim quando deixa de amar” Charles Chaplin. Precisamos amar para compreendermos o amor de Deus por nós. Muitos desejam ser amados e estão nessa incansável busca! Mas o prazer de amar é muito maior!

Quem pensa que a felicidade está em receber o amor de alguém se engana. Amar traz muito mais benefícios do que ser amado. Quando amamos somos tomados por uma energia poderosa, que nos enche de entusiasmo, de alegria. Amar faz de nós pessoas melhores, capazes de apreciar a vida, capacidade que não perdemos nem se formos abandonados, porque entendemos através dessa doação o infinito amor de Deus por nós.

“A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca e que, esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade.” Carlos Drummond de Andrade

Você não nasceu para viver sozinho, se relacione, aprenda a amar, “Quem de dentro de si não sai, vai morrer sem amar ninguém...” É como disse sabiamente Madre Teresa de Calcutá “A falta de amor é a maior de todas as pobrezas.” Ame e enriquecerá encontrando o amor!

Se nós, seres corrompidos escolhemos o amor e conseguimos amar intensamente... E Deus que é perfeito em amor?! Quando se entende que amar o outro te leva à compreensão do amor de Deus, experimentamos uma nova sensação! Experimentamos um amor extravagante! Por causa deste amor extravagante Jesus foi um escândalo para muitos de sua época.

Deus fez uma escolha por amor, “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele.” João 3.16 e 17

Jesus também fez sua escolha por amor, “E, indo um pouco mais para diante, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se é possível, passe de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres. E, indo segunda vez, orou, dizendo: Pai meu, se este cálice não pode passar de mim sem eu o beber, faça-se a tua vontade.” Mateus 26.39 e 42

Significado dessa passagem? Se há outra forma de salvar o homem, então eu não quero passar por esse sofrimento. Se não há, então eu passo.

Uma escolha louca? De um homem louco de amor? Aff... Segundo Friedrich Nietzsche “Há sempre alguma loucura no amor. Mas há sempre um pouco de razão na loucura.” E Willian Shakespeare disse “Da mesma forma que tudo é mortal na natureza, pode dizer-se também que os que amam estão mortalmente atacados de loucura.” E citando o poeta irlandês, Oscar Wilde “Amar é ultrapassarmo-nos.”

Amar é uma escolha consciente que começa na decisão de olhar o outro sem projeções, nem idealizações, minimizando defeitos e aceitando características com a gentileza que nos permite respeitar as diferenças e admirar as qualidades, numa conquista de afeto incondicional, que se desenvolve num processo contínuo de transformação mútua, sem a qual, nenhum relacionamento saudável existe e se mantém.

Decida-se por amar! Não falsamente, mas verdadeiramente! "Ideal seria que todas as pessoas soubessem amar, o tanto que sabem fingir." Bob Marley

Amor verdadeiro é livre, livre do ego, da vaidade, de querer atender a si mesmo. É altruísta. Pensa no outro antes de si mesmo. E coloca toda a sua atenção naquilo que ama. Sem apego! É todo ouvido, é todo olhos, é todo coração, braços e mãos, pernas e pés. É todo sentidos. É inteiro naquilo que é. O amor se entrega, não conhece o medo. Se este se aproxima, anula-o em função de algo maior.

O amor é coragem, é a força que anima a alma. É alegria e não cansaço. O amor não é o que é por expectativas. Não é temporal. É permanência, fluidez. Não conhece a culpa, mas a desculpa e o perdão. Porque é livre de julgamentos e condenações. Aproxima ao invés de afastar. Fala baixo, ao invés de gritar. Porque a nada e a ninguém quer impor-se.

“O amor é sofredor, é benigno, o amor não é invejoso, o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal. Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor nunca falha” 1Ccorintios 13.4-8

O amor supera qualquer dificuldade e barreira, “O amor só é amor, se não se dobra a obstáculos e não se curva às vicissitudes... É uma marca eterna... Que sofre tempestades sem nunca se abalar” Shakespeare. É algo sublime, quando você ama, ama sempre! Fernando Pessoa poetizou “Amo como ama o amor. Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar.”

O amor vai onde a necessidade está, onde há o vazio. Não escolhe, por vezes, aquilo que agrada a si mesmo, mas onde é útil o seu coração. Sabe que os excessos são prejudiciais e conhece as medidas certas de se doar, sem invadir o outro. O amor transforma. É tolerante e respeitoso, guerreiro sem armas de fogo, força da suavidade e compaixão honesta, caridade profunda. Vai além de seus próprios problemas, porque reconhece que os outros também os têm. Ele é admirável!

"O amor é um mestre admirável que nos ensina a sermos aquilo que nunca fomos; e, muitas vezes, com as suas lições, muda completamente, num instante, todos os nossos costumes.” Molière, dramaturgo francês.

E Indiscutivelmente “Quanto mais amor temos, tanto mais fácil fazemos a nossa passagem pelo mundo.” Immanuel Kant

Amar implica, portanto da minha parte, uma escolha livre, é decidir amar o outro, voltar-me livremente de forma decidida em direção ao outro. Não se pode amar verdadeiramente sem certa doação da nossa liberdade ao outro. Amar o outro é contribuir para a minha própria felicidade. O amor é assim: livre.

Quem entende o amor? Qual sua medida?

Não se pode entende-lo ou explica-lo e "A medida do amor é amar sem medida." Santo Agostinho. Não diferente de muitos, tento aqui defini-lo, mas consciente de ser apenas uma tentativa, pois acredito que ele é inexplicável! Falo aqui de sentimentos, aos quais eu chamo amor, porque este é o mais nobre e desinteressado de todos os sentimentos é aquele que une todos os outros, bons e agradáveis sentimentos…

É todo esse AMOR que eu sinto e quero continuar a sentir…

Dedico essas palavras, a vocês amados meus! Pessoas com as quais descobri a importância de amar e entendi o grande amor de Aba Pai por mim. Afinal se não fosse o amor, nada eu seria... “O amor é sentido por seres imperfeitos, posto que a função do amor é levar o ser humano à perfeição” Joshua Cooke. Obrigada! Torno-me melhor através de vocês!

“Não há ninguém, mesmo sem cultura, que não se torne poeta quando o Amor toma conta dele” Platão

Amo vocês sem medida, infinitamente!

Graça, Paz e Amor para sempre

Pra. Adriana Reis

“Aquilo que provamos quando estamos apaixonados talvez seja o nosso estado normal. O amor mostra ao homem como é que ele deveria ser sempre.”
Anton Tchekhov

“O amor é quando a gente mora um no outro.”
Mário Quintana




terça-feira, 6 de julho de 2010

A grandeza do perdão

O perdão é um processo mental ou espiritual de cessar o sentimento de ressentimento ou raiva contra outra pessoa, decorrente de uma ofensa percebida, diferença ou erro, ou cessar a exigência de castigo ou restituição. (Wikipédia, a enciclopédia livre)

Segundo Russell Champlin sobre perdão deve-se considerar quatro palavras no hebraico e também quatro no grego. São elas:

1 Salach – Perdoar. Verbo hebraico usado por quarenta e sei vezes, conforme se vê, por exemplo, em Números 30.5, 8-12; 1 Reis 8.30, 34, 35, 39, 50; 2 Crônicas 6.21, 25, 27, 30, 39; Salmo103.3, Jeremias 31.34 e 36.3; Daniel 9.19; Amós 7.2

2 sallach – Perdão. Substantivo hebraico usado por uma vez. Salmo 86.5

3 Kaphar – Cobrir. Palavra hebraica usada por cerca de dez vezes com o sentido de perdoar, embora seja uma palavra traduzida, principalmente, por expiar. Exemplo: Salmo78. 38; Jeremias 18.23; Deuteronômio 21.8; 2 Crônicas 30.18; Levítico 8.15; Ezequiel 45.15 e 17; Daniel 9.24

4 Nasa – Levantar, perdoar. Palavra hebraica usada por cerca de treze vezes com o sentido de perdoar. Exemplo: Gênesis 50.17; Êxodo 10.17 e 32.32 e 34.7; Números 14.18, 19; 1 Samuel 25.28; Salmo 25.18 e 85.2; Isaías 2.9

5 Aphíemi – Deixar ir, perdoar. Termo grego usado por cento e quarenta e cinco vezes no Novo Testamento, desde Mateus 3.15 até Apocalipse 11.9

6 Aphesis – Perdão. Substantivo grego empregado por dezessete vezes: Mateus 26.28; Marcos1. 4 3.29; Lucas 1.77 e 3.3 e 4.18 citando Isaías 61.1 e 4.18 citando Isaías 58.6; 24.7; Atos 2.38 e 5.31, Efésios 1.7; Colossenses 1.14; Hebreu 9.22 e 10.18

7 Charizomai – Ser gracioso com, uma palavra grega utilizada por vinte e duas vezes: Lucas 7.21 e 42.43; Atos 3.14; Romanos 8.32; 1 Coríntios 2.12; 2 Coríntios 2.7 e 10; Gálatas 3.18; Efésios 4.32; Felipenses 2.9; colossenses 2.13 e 3.13; Felipenses 22

8 Apolúo – Soltar, perdoar. Verbo grego que ocorre por apenas uma vez co o claro sentido de perdoar, em Lucas 6.37. Significa em outros lugares soltar, deixar, divorciar-se e etc.

Enfim, para entendermos o significado desta palavra dentro do conceito bíblico de perdão, precisamos entender que o pecador é um devedor espiritual. Jesus usou esta linguagem figurativa quando ensinou aos discípulos como orar: "e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores" Mateus 6.12

Uma pessoa se torna devedora quando transgride a lei de Deus (1 João 3.4). E os transgressores da lei perecerão com o castigo justo (Ezequiel 18.4,20 e Romanos 6.23), e ocuparão a posição de pecadores aos olhos de Deus perdendo a comunhão com Ele (Isaías 59.1-2 e 1 João 1.5-7).

O perdão, então, é um ato no qual o ofendido livra o ofensor do pecado, libertando-o da transgressão. Nesse sentido se entende porque Deus “esquece” quando perdoa (Hebreus 8.12). Não que aja imperfeição na memória de Deus. De forma alguma! Pois Ele é perfeito em tudo. Na verdade Ele não se esquece literalmente, afinal Ele é onisciente, contudo despreza a transgressão libertando o transgressor de sua dívida, isto é, cessa de imputar a culpa desse pecado à pessoa perdoada (Romanos 4:7-8). Esse é o esquecer de Deus.

Segundo um romancista francês, Honoré de Balzac “O ódio tem melhor memória do que o amor.” E sobre o amor diz o teólogo e escritor do livro O poder terapêutico do perdão Ray Pritchard, “O amor tem péssima memória”, ele sempre encontra uma maneira de esquecer daquilo que o afeta negativamente.

O perdão não deve ser apenas momentâneo, mas de total constância. Perdão, lembranças ofensivas e cobrança não andam de mãos dadas, não são compatíveis! Vocês não podem perdoar alguém e depois viver jogando na cara do ofensor a ofensa feita. Com certeza isso não dará certo e problemas maiores poderão surgir. Como bem disse Charles H. Spurgeon “Perdoe e esqueça. Quando você enterra um cão raivoso, nunca deixa a cauda dele de fora.”

O perdão não é o esquecimento completo e absoluto das ofensas. Já ouvi muito as pessoas dizerem: “perdoar é esquecer!” Aff... Não mesmo! Perdoar não é esquecer, perdoar é independente de esquecer. Uma coisa nada tem a ver com a outra, são coisas distintas. Pensem bem caros leitores, temos no cabeção uma maquina poderosa de registro, um cérebro com memória! E ele registra todos os fatos, por isto quem perdoa não tem que necessariamente esquecer do agravo sofrido. Seria impossível o perdão assim! Pois o perdão é para as coisas imperdoáveis e inesquecíveis!

Então... Perdoar e esquecer são coisas diferentes. Ao perdoar, você continua com a memória dos acontecimentos causadores de dores, mas não tem mais aqueles sentimentos negativos e incômodos relacionados a esses acontecimentos. Você não fica prisioneiro do que já passou, deixando de ser vítima de quem lhe prejudicou.

Então esquecer é no sentido de não levar mais em consideração as ofensas sofridas e não no sentido literal. Para Ray Pritchard, o perdão é fundamentalmente uma decisão interior de recusar-se a viver no passado. Ele afirma que o perdão não nega a dor, nem muda esse passado, mas rompe o ciclo de amargura que prende as feridas de outrora. Com certeza o perdão alivia a tensão, cessa a tempestade que existe dentro de nós e sara a ferida que infeta a alma.

Perdoar é deitar e descansar, é migrar de uma terral infernal para uma terra de paz. E bem cabem aqui as palavras de Augusto Cury que dizem: “Os inimigos que não perdoamos dormirão em nossa cama e perturbarão o nosso sono.” Ufa!!!! E isso justamente por considerarmos ainda as ofensas.

Talvez alguns se perguntem: “Jesus de Nazaré! E agora o que fazer?” Gente... É necessário esquecer, no sentido de diluir ou mais ainda aniquilar a mágoa, a raiva ou o ressentimento que a ocasião ou pessoa causou. Caso contrário o perdão é superficial, até mesmo ilusório, uma mentira.

Eu diria então que esse tipo de esquecimento (aniquilamento) é extremamente benéfico para quem sofreu com algum tipo de maldade. Devemos perdoar sempre porque o perdão, mesmo quando unilateral, desfaz o sentimento de animosidade e traz saúde a alma, segundo o Dr. Fred Luskin, autor de O Poder do perdão, que estuda o assunto há mais de quatro anos, diz que o acúmulo de mágoa, rancor e desesperança podem causar problemas físicos e psicológicos. Sendo preciso um caminho para superar esses sentimentos e nos libertar. O caminho é o perdão!

Genteeeeeee perdoar é preciso. O perdão pode ser considerado como uma cura para doenças físicas e mentais advindas de problemas emocionais ou psicológicos. O Dr. Fred Luskin declara que a falta de perdão pode prejudicar as pessoas, que essa ausência causa estresse sempre que se pensa na ofensa ou no ofensor, prejudicando o corpo e provocando emoções negativas.

Segundo ele o perdão é a experiência interior de se recuperar a paz e o bem-estar. Diz que a diminuição da ira e da mágoa vem de se vivenciar o perdão e diz ainda que seja comum acontecer de alguém perdoar um dia, e a raiva voltar depois, sendo isso normal. Ele fala de um processo que deve ser praticado. O perdão precisa ser constante. William Shakespeare escreveu “Não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la por isso.” Perdoar constantemente! E isso não é opcional na vida de um cristão. É uma ação necessária dentro do conceito de ser cristão.

Quantas vezes então devemos perdoar? Todas as vezes que formos feridos devemos perdoar? Clarooo que sim! Gente isso não é novidade não! Essa pergunta foi feita a Jesus por Pedro, “Senhor, até quantas vezes meu irmão pecará contra mim, que eu lhe perdoe? Sete vezes? Respondeu-lhe Jesus: Não te digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete” Mateus 18.21,22. Isso quer dizer perdoar infinitamente! Vocês devem perdoar quantas vezes forem necessárias. Lembre-se que o perdão tem que ser uma atitude básica do nosso caráter.

Alguns dizem que só é possível perdoar quem se ama, assim Deus nos perdoou por amor. Estou certa que Deus nos ama, ama a todos nós! Isto é IN-DIS-CU-TI-VEL! Mas não acredito que o perdão seja somente para as pessoas que amamos, eu credito e muito que “Perdoa-se na medida em que se ama” François La Rochefoucauld. O próprio amado Cristo disse que “Aquele a quem pouco se perdoa, pouco ama” Lucas 7.47, mas acredito que podemos também perdoar quem não amamos.

Pois Deus perdoa não só porque ama, mas porque é bom em sua essência (Marcos 10.18). Ele exprime um traço de personalidade que costuma ser incluído na lista das principais virtudes, capaz de oferecer algo que o outro não merece. Isso é bondade! O problema em perdoar se encontra aí, não se perdoa por falta de amor e sim por falta de bondade.

Por outro lado existem aquelas pessoas que dizem que perdoar quem se ama é mais difícil! Que quanto maior a intimidade que temos com aquele que peca contra nós, mais difícil é perdoá-lo. Porem amados leitores as Escrituras nos ensinam, contudo, que a má vontade em perdoar os outros nos retira o perdão divino. Jesus ensinou: "Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celeste vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas" Mateus 6.14-15.

Essa disposição de perdoar pode produzir efeitos importantíssimos nas dimensões emocional, psicológica e espiritual. O que quero dizer é que existe um poder terapêutico nisso tudo, o perdão faz o caminho inverso do tradicional para mostrar a força libertadora e curativa que ele possui.

Quando Deus nos perdoou, pôs um fim à situação desastrosa em que nós nos encontrávamos, pois, estávamos condenados à morte como conseqüência do nosso pecado de desobediência. Ele nos chamou para uma nova vida, onde o amor e o perdão sempre têm a sua máxima expressão. Perdoada a nossa ofensa, o relacionamento amoroso que nos une ao Pai Eterno foi restaurado. Diante desse ato de misericórdia e amor imerecido devemos, do mesmo modo, estender perdão a todo aquele que nos ofender. O perdão de Deus deve gerar em nosso coração o desejo de perdoar incondicionalmente, tal com ele fez conosco.

A boa nova do evangelho é que Jesus pagou o preço por nossos pecados com sua morte na cruz. Quando aceitamos o convite para a salvação através de nossa obediência aos mandamentos de Deus, ele aceita a morte de Jesus como o pagamento de nossos pecados e nos livra da culpa por nossas transgressões. Não ficamos mais na posição de infratores da lei ou devedores diante de Deus. Somos perdoados!

Perdoar é um mandamento. A Palavra declara: “sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo vos perdoou” Efésios 4.32 e “Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha queixa contra outrem. Assim como o Senhor nos perdoou, assim também perdoai vós.” Colossenses 3.1

Muitos querem receber perdão, mas longe deles de perdoarem! Se sentem merecedores do perdão das pessoas, mas os outros que o feriram não os são merecedores de seu perdão. Que coisa... Nem sabem que “Aquele que não consegue perdoar aos outros, destrói a ponte por onde irá passar.” Francis Bacon

Eu diria, como uma frase que escutei essa semana, que “as pessoas que não entendem o perdão são pessoas que caminham em direção ao inferno e muitas vezes com a bíblia debaixo de braço.” Uma pena! Pois o perdão é base, é um dos atos básicos, mas muito básico da fé cristã, pois a nossa entrada na vida oferecida por Cristo, só foi possível porque o perdão nos foi ofertado. Deus, Ele nos perdoou, mediante a obra de seu Filho feita na cruz, em nosso favor. Ele nos perdoou.

Na maioria, as pessoas têm muita dificuldade em serem empáticas, não conseguem talvez, porque nem se esforçam, em entender ou compreender os sentimentos e emoções que levou o outro a ofendê-las. Sofrem suas dores intensamente não enxergando a dor do outro. E se o outro buscar perdão com certeza receberá chumbo! Que lastima isso! Lembro-me agora de Machado de Assis que disse “Não levante a espada sobre a cabeça de quem te pediu perdão.”

Mais o que acontece é que muitas pessoas são rancorosas e vingativas, e com isso buscam ruína para suas vidas, afinal a vingança é mortífera! “Se você dedicar a vida à busca por vingança certifique-se, antes, de cavar duas sepulturas” Confúcio.

Como ainda somos em parte maus, muitos percebem no outro, com muito mais facilidade, os defeitos, o que os impede de compreender as outras pessoas. Habituam-se a julgar preconceituosamente, com exigências que não tem com eles mesmos. Infelizmente! Uma pena!

Alguém poderá perguntar: “Mas Pastora porque é tão difícil perdoar?!” Bem... Não é muito difícil para alguns, mas na maioria é sim! E isso porque ainda estamos afundados na imperfeição, com muito orgulho, egoísmo, arrogância, amargura e tantos outros sentimentos ruins, sem contar que a maioria de nós não somos mantenedores do amor.

Para Ray Pritchard o perdão diz respeito ao coração. Ele começa no coração para depois se manifestar exteriormente. Então se o coração está cheio de imundícies, perdoar se torna difícil. É necessária uma entrega total de nossos corações a Deus! O perdão parece muito difícil e até impossível diante do imperdoável, mas nosso Deus é Deus do impossível.

Alguém no meu consultório me disse uma vez que perdoar demonstra fraqueza de caráter. Talvez por essa dificuldade de perdoar. Putz... Tenho a certeza que não! “O fraco jamais perdoa: o perdão é uma das características do forte.” Mahatma Gandhi. E segundo como escreveu Ray Pritchard “Errar é humano. Perdoar é sobre-humano” no sentido de vencer qualquer dificuldade em relação ao perdão.

Não consta na palavra que Jesus tenha demonstrado em sua vida fraqueza de caráter. Pode até ser que alguns pensaram que ele era fraco, já que quando perseguido e açoitado, não esboçou qualquer gesto de reação e no auge do seu martírio ainda foi capaz de pedir ao Pai que perdoasse os seus ofensores. Augusto Cury disse que “os fracos julgam e condenam, porém os fortes perdoam e compreendem.” Digo convicta: Jesus não era fraco!

O perdão é para coisas imperdoáveis "O perdão vai além da justiça humana; é perdoar aquelas coisas que absolutamente não podem ser perdoadas." C.S Lewis. E como disse o filosofo Platão “errar é humano, mas perdoar é próprio de almas generosas.”

Ninguém se lembra dos nomes daqueles que crucificaram a Jesus, mas o nome do generoso Cristo cruzou os mares, venceu a linha do tempo, ficando conhecido mundialmente, até a história da humanidade foi dividida em antes e depois Dele. Seria Jesus fraco? Perdoar não é fraqueza de caráter, pelo contrario, é de uma GRANDEZA TAMANHA!

O perdão é indispensável em quaisquer circunstancias, até mesmo naquelas que poderiam deixar qualquer um de cabelo em pé! Em casos assim pede ser que não haja reconciliação, para perdoar não necessariamente precisa-se de reconciliação, pois para a reconciliação há a necessidade de disposição de ambas as partes.

Mas o perdão é necessário independente de reconciliação, devemos perdoar sempre mesmo que não haja reconciliação. Porem para nós cristãos é de suma importância o fazer as pazes, pois Deus reconciliou com todos nós através de Cristo Jesus.

Infelizmente, nosso conceito de perdão pode limitar ou dificultar a nossa capacidade de perdoar. Dizem que perdoar é coisa de gente fraca, medrosa, boba. Possuímos crenças negativas de que perdoar é aceitar de forma passiva tudo o que nos fizeram. Achamos que perdoar é aceitar agressões recebidas. Mas não é nada disso! É acima de tudo ser cristão! Perdoar é recomeçar, é um reinicio! “O perdão é um catalisador que cria a ambiência necessária para uma nova partida, para um reinício.” Martin Luther King

Para terminar quero dizer que o perdão é algo que todos nós um dia vamos precisar dele, seja para pedir ou conceder. Falar sobre perdão é bem fácil, mas senti-lo de verdade e colocá-lo em prática é bem complicado. Não adianta você com um sorriso amarelo e sem graça dizer simplesmente que está tudo certo, quando você sente que não está. O perdão não pode simplesmente sair da boca, mas sim do coração. Ele é um sentimento que envolve ação, disposição e sobre tudo o amor.

Então para aqueles que estão no stress por não perdoarem, digo: Perdoem e se possível reconciliem para que sejam mais que bem aventurados. Perdoar os outros é o presente que oferecemos a nós mesmos.

Dicas:

Não é vergonha nenhuma pedir perdão e admitir erros. Quem não erra? Só quem não vive!

Experimente perdoar, pois quem aprender a perdoar jamais se esquecerá, por sentir os efeitos de felicidade que advém deste fato.

Perdoar significa deixar de considerar o outro com desprezo ou ressentimento. É ter compaixão, deixando de lado toda a idéia de vingar-se daquilo que foi feito ou pelas conseqüências que sofremos.

Devemos, porém, aprender com a experiência e podemos, a partir daí, escolher qual relacionamento teremos com o ofensor.

Perdoar não significa fazer de conta que nada aconteceu. Pelo contrário, temos de levar em conta a experiência, revendo a relação, e por isso mesmo, nos livrando do sofrimento.

Mesmo que ache impossível perdoar, compreenda que ao sentir mágoa e desejo de vingança, você se torna seu próprio inimigo.

Perdão não é natural. A natureza humana sempre procura uma forma de vingança, mas isto não pode ser parte daqueles que se preparam para viver um dia no céu.

Há uma referência na qual podemos nos espelhar: O Supremo Perdoador - o próprio Deus.

Graça e Paz.

Pastora Adriana Reis

“Nada encoraja tanto ao pecador como o perdão”

William Shakespeare

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A Força da Igreja

“Unir-se é um bom começo, manter a união é um progresso e trabalhar em conjunto é a vitória” Henry Ford Quero falar sucintamen...