terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Panelinha ou panela pequena ?

São chamados de ”panelinha” por alguns os grupinhos ou grupos pequenos que se formam onde se encontram muitas pessoas e é comum escutar sobre elas, principalmente nós pastores, escutamos muitos comentários e muitas vezes reclamações, pois tal movimento incomoda algumas pessoas, por se sentirem excluídas ou incapazes de se relacionarem mais de perto com alguns.

Acredito que desde crianças todos nós queremos fazer parte de um grupo, interagir e desenvolver com ele, quem não se lembra da escola? Onde rapidamente nos adaptávamos aos grupinhos e nos sentíamos parte dele, e quando isso não acontecia era algo que incomodava muito, nos fazendo sentir sozinhos, excluídos e o pior de tudo diferentes das outras crianças. Desde a infância queremos fazer parte, queremos ser semelhantes.

Acredito que nem sempre as pessoas sabem direito o que falam, falam por falar somente, não definem, não entendem corretamente esse movimento de grupos que se dá naturalmente.

Qual seria a definição correta para “panelinha”? Panelinha do bem? Panelinha do mal? Ou seria no final tudo panelinha! Enfim, andei pensando sobre isso e conclui que:

Elas existem por todos os lados em todos os ramos do convívio social, é algo que se dá em diversos planos e pode ser verificado também em pequenos ambientes, como em salas de estudo e trabalho. As chamadas "panelinhas" podem ser reconfortantes, por fazerem alguns se sentirem parte de algo. Por outro lado, há casos em que elas causam problemas para aqueles que estão do lado de fora e que por isso se sentem excluídos. É um grupo com interesses em comum, do qual queremos fazer parte ou não.

Precisamos conhecer/entender para depois compreender os grupos existentes ao nosso redor. Mas vamos ver o que o dicionário diz: 1. Pequena panela, 2. Grupo fechado, que não admite novato.

Vou iniciar analisando a segunda definição: Grupo fechado, que não admite novato.

Fechar-se nesses grupos pode ser visto como algo negativo, principalmente quando o grupinho passa a apresentar atitudes que demonstram hostilidade e preconceito em relação aos que estão de fora. É comum ver as famosas “panelinhas”, elas existem em todos os segmentos, onde quer que existam pessoas. Mas elas são prejudiciais aos relacionamentos, já que tal grupo se mantém fechado.

É comum ter um grupo de amigos dentro da empresa, escola, igreja, academia e etc. pessoas com quem há maior afinidade. Entretanto, isso não pode impedir o profissional, o aluno e principalmente o irmão de ter contato com as demais pessoas. Cabe a cada cristão em particular a união da igreja, para a edificação (não-facciosa) de um único corpo.

As pessoas precisam estar abertas e acessíveis às outras pessoas. A participação nas “panelinhas”, de acordo com o professor Moacir Carlos Sampaio Silva, da área de psicologia social das organizações do Instituto Sedes Sapientiae, “Dificilmente os integrantes de uma ‘panela’ são vistos como profissionais diferenciados ou de alto nível de desempenho” Diz. E em outros ambientes e principalmente o nosso (a igreja), buscar um grupo fechado demonstra imaturidade cristã e com certeza o nosso desempenho com relação à obra de Deus é prejudicado. Assim como a empresa é prejudicada porque perde o potencial do colaborador, a igreja é prejudicada porque perde seu foco.

Onde cada qual defende não a Cristo, mas à sua igreja, seu ministério ou sei lá o que! Veja o que a Bíblia diz a respeito: “Irmãos, fui informado por alguns da casa de Cloe de que há divisões entre vocês. Com isso quero dizer que algum de vocês afirma: “Eu sou de Paulo”; ou “eu sou de Apolo”; ou “Eu sou de Pedro”; ou ainda “Eu sou de Cristo”. Acaso Cristo está dividido? Foi Paulo crucificado em favor de vocês? Vocês foram batizados em nome de Paulo?” 1 Coríntios 1.11-13.

E hoje quantos dizem: “eu sou lado do fulano, eu sou do lado do ciclano, eu sou do ministério de louvor, eu sou do ministério de dança, eu sou da Universal, eu sou metodista, eu sou presbiteriano, eu sou assembleiano” Penso que a estes todos Paulo perguntaria: “Acaso você foi batizado em nome de fulano? De John Wesley? De Edir Macedo? Da Assembléia de Deus? Algum destes foi crucificado por você no Calvário?”

O que você responderia...? Quanto às separações, e ao espírito de facção, veja o que diz a Epistola de Tiago: “Pois onde há inveja e sentimento faccioso, aí há confusão e toda espécie de males.” Tiago 3.16

Estava lendo um texto outro dia em que um consultor de recursos humanos afirmava: “Fazer parte de grupos fechados mostra que o profissional não se dá bem com todos os colegas e, portanto, não é prudente dar-lhe uma posição de poder" e eu fiquei pensando sobre a igreja do senhor, sobre aqueles que fazem parte dela e não se preocupam com os relacionamentos totais. Em qual seria a sua porção?

Este tipo de comportamento é nocivo a qualquer ambiente ou comunidade, principalmente porque é totalmente contrário àquilo que Jesus nos ensinou sobre a importância da unidade e da grande comissão (Mateus 28.19,20). Deus é Deus de relacionamento. Ele não nos criou para nos relacionarmos com apenas um grupo de pessoas, e muito menos quando este grupo exclui, segrega, menospreza ou afasta as pessoas.

Não devemos nos fechar num grupo em que ninguém mais entra. Ao contrário, devemos sempre nos aproximar das pessoas, abrindo espaço para trocarmos experiências e crescermos mutuamente assim como um corpo.

É natural que haja diferenças, mas para que a obra cresça as diferenças precisam ser entendidas, compreendidas, superadas e esquecidas, pois “Mesmo sendo muitos, todos comemos do mesmo pão, que é um só; e por isso somos um só corpo.” 1 Coríntios 10.17

Pensando assim da forma que mostrei a vocês essa segunda definição, eu traduzo “panelinha” por “panela tampada”, fechada, onde ninguém mais entra, e defino melhor ainda por obra da carne (Gálatas 5.19-23).

Agora pensando em “panelinha” com a primeira definição: “Pequena panela”, somente isso, não fala de não admissão, a coisa muda de figura para mim, e explico por que.

Acredito que está faltando uma definição melhor. Tem gente definindo por aí muito mal alguns grupos de amizade, pois apesar de pequenos não são fechados, são “panelinhas” ou “pequenas panelas” destampadas, abertas para a admissão de novas pessoas.

Penso eu sobre os grupos que viver entre eles é praticamente condição inerente ao homem e foi característica fundamental para a construção das sociedades modernas da forma como estão configuradas atualmente. É algo natural quanto dormir ou acordar, a socialização entre as pessoas é quase que um gesto automático, mas fechar-se nos grupos não seria mais algo natural e sim patológico.

Segundo o filósofo grego Aristóteles, “Em relação aos bons amigos, devemos tê-los tantos quantos pudermos, ou há um limite ao número de amigos de uma pessoa, da mesma forma que há um limite para a população de uma cidade? Não se pode fazer uma cidade com dez pessoas, e se houver cem mil pessoas não teremos mais uma simples cidade. Mas o número conveniente não é a unidade, e sim algo compreendido entre certos limites determinados. Em relação aos amigos, igualmente, há um número limitado - talvez o maior número de pessoas com as quais se possa conviver (considera-se que a convivência é a característica por excelência da amizade), mas é óbvio que uma pessoa não pode conviver com muitas outras nem dividir-se entre elas. Além disto, estas pessoas devem ser amigas uma das outras, se elas devem passar seus dias juntas, e é difícil satisfazer esta condição com um grande número de pessoas.”

“Também se pensa que é difícil que uma pessoa possa participar intimamente das alegrias e tristezas de muitas outras, pois provavelmente acontecerá que alguém tenha ao mesmo tempo de alegra-se com um amigo e de chorar com outro. Presume-se, então, que é bom não procurar ter tantos amigos quanto pudermos, mas tantos quanto bastarem para efeito de convivência, pois parece realmente impossível ser um grande amigo de muitas pessoas.”

“É por isto que não se pode amar muitas pessoas; o amor é uma espécie de amizade superlativa, e isto só se pode sentir em relação a uma única pessoa; logo, também uma grande amizade somente pode ser sentida em relação a poucas pessoas. Esta asserção parece confirmada na prática, pois não encontramos muitas pessoas que sejam amigas à maneira dos companheiros, e as amizades famosas desta espécie são sempre entre duas pessoas. Considera-se que as pessoas que têm muitos amigos e confraternizam intimamente com todos não são amigas sinceras de qualquer deles (salvo no sentido em que os concidadãos são amigos) e tais pessoas são também chamadas lisonjeadoras. No sentido em que os concidadãos sejam amigos, realmente, é possível ser amigo de muitas pessoas sem ser lisonjeador, e sim uma pessoa autenticamente boa, mas não se pode cultivar com muitas pessoas uma amizade baseada na excelência moral e no caráter de nossos amigos, e devemos dar-nos por felizes se encontrarmos uns poucos amigos desta espécie.”

Como eu disse em outro texto, parece que não é possível ser amigo de muitas pessoas, pelo menos no sentido pleno da amizade, porque não é fácil de agradar de modo totalmente satisfatório a muitos ao mesmo tempo.
Segundo Aristóteles, devemos procurar nos relacionar com o máximo de pessoas que pudermos, mas “o número desses amigos seria algo compreendido entre certos limites determinados.” Ou seja, devemos nos relacionar com todos, mas nem todos serão “chegados”. E o sábio Salomão já dizia: "O homem que tem muitos amigos sai perdendo, mas há amigo mais chegado do que um irmão" (Provérbios 18.24). Quando se trata de relacionamento, devemos valorizar quantidade, principalmente se falando da Grande Comissão, mas quando falamos de “panela pequena”, de pequenos grupos, aí então devemos valorizar não a quantidade e sim a qualidade.

Devemos nos socializar e relacionar com quantos puder, mas todos nós temos amigos mais chegados, com os quais temos mais liberdade para falar sobre determinados assuntos e nos sentimos mais à vontade para nos relacionarmos. Mas isso não nos impede de conhecer pessoas e fazer novas amizades, como é o caso da segunda definição acima proposto. O grupo apesar de pequeno não está fechado, a “pequena panela” não está tampada.

Lembro-me de Jesus, Ele se dava aos relacionamentos, sempre uma pessoa a mais o acompanhava, e Ele fazia o que lhe era possível para se relacionar com todos, porém mesmo assim Ele tinha aqueles que eram mais chegados. Jesus fazia parte de um grupo pequeno, goste ou não alguns, Ele fazia parte de uma “pequena panela”, destampada, mas pequena em nível de convivência. Com certeza aquele grupo de homens, amigos, não tinha um numero determinado de pessoas a participarem dele, ademais sabemos que doze foram eles contando com o traidor.

Se você se vê frente a essa ou àquela pessoa com quem percebe ter bastante afinidade, nada impede que isso evolua para uma produtiva e saudável amizade. Viver com as pessoas com quem se tem afinidade transmite uma sensação de companheirismo, cumplicidade e proteção.

As amizades são conseqüências do contato e bom relacionamento com as outras pessoas. Que nos seus círculos de amizades sempre possa haver espaço para mais um amigo entrar.

Lembre-se: aquele que conhece a Palavra de Deus é modelo para os outros e tem um diferencial no seu comportamento: é amigo, é companheiro e incentiva novas amizades, quanto mais ao que se diz Mandato do Senhor. Uma pessoa que age assim conseqüentemente impedirá de panelinhas fechadas, como as da segunda definição de proliferar e contaminar os relacionamentos dentro da igreja.

Tem gente que diz: Panelinha? Tô fora!

Depende gente! Panelinha ou pequena panela? Nem todos grupos pequenos são fechados!

Eu acredito como Aristóteles, que um grupo de amizade sempre será uma “pequena panela” e como Salomão que tem amigos que são mais chegados, mas também acredito, por aprender com Cristo a se dar a relacionamentos, que sempre cabe mais um!

Para muitas pessoas a palavra “panelinha” tem um significado, uma definição especial. Mas o que significa essa palavra para você?

Busquem o conhecimento para depois julgarem.

Graça e paz em seus relacionamentos com todos e em particular com os poucos que dividem a mesma panela.

Pra. Adriana Reis

2 comentários:

Unknown disse...

Linda sua página,amei,coloquei na lista dos meus favoritos amei,tudo que li.Deus abençoe

Helena disse...

Ola bom dia
gostei de seu blog

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