sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

A Igreja Libertadora

A Igreja sempre se deparou com as dificuldades de seu tempo. A vida com Deus é um grande desafio, e existe um elemento , que na verdade talvez seja um dos mais difíceis desafios da vida cristã, e de nossas vidas no dia a dia, a fé. Ela é a essência, é a prática do que aprendemos.

O povo do nosso tempo enfrenta um vasto terreno de dificuldades, e um deles é a falta de fé. Mas a igreja do Senhor, representaante Dele aqui na terra precisa lutar para que não perca a fé. Através dela a igreja tem a possibilidade de identificar a origem do sofrimento do povo para promover alivio e libertação. O acreditar, a fé em Deus, leva a igreja do Senhor a uma consciência ética que a possibilitará a uma consciência moral e altruísta.

Se observa na bíblia dois eventos que revelam homens altruístas, sendo o primeiro o sofrimento do povo de Deus no Egito, debaixo de um sistema escravocrata, e depois de mais de quatrocentos anos eles conseguiram a libertação por meio da liderança religiosa de Moisés. E segundo, a vida de Cristo, cuja missão foi libertar o ser humano do seu estado de escravidão e sofrimento.

De tal modo a igreja precisa dessa consciência altruísta, precisa promover ações libertadoras em favor do povo excluído e oprimido, precisa se expressar na coragem do libertador que arrisca sua vida em defesa da vida do outro, que se empenha por saciar a fome do outro. A prática da justiça, o ser capaz de entregar a vida é um constante desafio para todos nós onde estivermos. É preciso fé onde não se acredita mais, para uma mudança de consciência. O povo quer respostas e isso nos interpela a uma mudança de visão, mudança de mentalidade, de consciência.

Precisamos viver a esperança, a fé de libertação, se a libertação está dentro de nós como igreja, então há a necessidade de colocá-la em pratica. Moisés mandou que o povo se reunisse e falou assim:

“Povo de Israel, preste atenção nas leis e nos mandamentos que estou dando a vocês hoje. Aprendam essas leis e façam tudo para pô-las em prática. O SENHOR, nosso Deus, fez uma aliança conosco no monte Sinai. Não foi com os nossos pais que ele fez essa aliança, mas foi conosco, foi com todos os que hoje estamos aqui vivos. Do meio do fogo ali no monte o SENHOR Deus falou com vocês face a face. Vocês ficaram com medo do fogo e não subiram o monte; por isso eu me coloquei entre o SENHOR Deus e vocês” (Deuteronômio 5.1-5).

Mais do que nunca houve a necessidade de se colocar em pratica a Palavra de justiça e libertação. A fidelidade e submissão de muitos homens e mulheres de Deus à Palavra fortalecem a fé a torna mais adulta e vigorosa. Já outros, cujo posicionamento é ostensivo e visceralmente oposto ao desses homens e mulheres, agem de maneira irresponsável compelindo-nos ao exame bíblico mais profundo para que, no confronto, estejamos “preparados para responder a todo aquele que vos pedir a razão da esperança que há em vós” (1 Pedro 3.15).

A igreja precisará assumir seu papel de libertadora para influenciar o mundo a acreditar e se voltar e aos princípios de Deus. Nós cristãos fomos resgatados da escravidão espiritual e mental para que todo o mundo seja livre da mesma forma. O Senhor colocou a igreja em êxodo e hoje livre se vê a importância de fazer um novo modo de ser igreja. Igreja para o trabalho comunitário, para a profunda comunhão, para libertação dos oprimidos.

A necessidade por libertação em todos os âmbitos está presente em qualquer ser humano, em qualquer parte da terra. Mas é, sobretudo, nos países pobres que a necessidade de libertação aparece ainda ser mais urgente. É bem provável que seja esse um dos motivos que fizeram com que a Teologia da Libertação se formasse e ganhasse força na América Latina. Dentre tantas “teologias” surgidas ultimamente no seio da Igreja, a Teologia da Libertação foi a que mais obteve destaque ao se tratar dos problemas sociais.

Mesmo assim, existem aqueles que são contrários à Teologia da Libertação e tecem fortes críticas a ela. Talvez sejam esses os que nunca se colocaram ao lado do oprimido e enfraquecido, nem deram ouvidos ao seu clamor e nem se importaram com a miséria, a injustiça e a situação de alienação dos que vivem na America Latina. Cabe aqui dizer “violência institucionalizada”.

Sobre o termo é interssante observar:
Na Segunda conferencia Geral do Episcopado Latino americano realizado em Medellín na Colômbia, se lê no documento sobre a "Justiça" e a "Paz", tal documento descreve com cores vivas a "miséria que marginaliza grandes grupos humanos, miséria que, como fato coletivo, é uma injustiça que brada aos céus". O documento fala do Cristo que "liberta todos os homens de todas as escravidões”; da "verdadeira libertação" que envolve uma "profunda conversão"; da "libertação integral" como ação da "obra divina" e que o amor é "a grande força libertadora da injustiça e opressão". Fala em termos de "situação de injustiça" como "situação de pecado", coisa que mais à frente é chamada cruamente de “violência institucionalizada”. Toda a parte doutrinária do documento se centra na conexão entre a justiça e a paz. "Onde existem injustas desigualdades... aí se atenta contra a paz".

A igreja através de sua fé em Deus deve ter a coragem de denunciar tantos abusos de poder: a injustiça, a violência, a tortura, a opressão e tudo o que degrada e deforma o homem. É sobre este terreno da defesa dos direitos fundamentais da humanidade que se mede a autenticidade e a consistência da fé cristã.
Pois sem obras a fé está morta!

Graça e Paz.

Pra. Adriana Reis

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