terça-feira, 1 de dezembro de 2009

A relevância da teologia de John Wesley

O metodista John Wesley esteve mais do que qualquer outro de seu tempo preocupado com o ser humano e a sua integralidade, o que reflete a idéia de salvação social do indivíduo no amplo trabalho de desenvolvimento da salvação comunitária. John Wesley entendeu que precisava fazer amigos e, ao lado deles, desenvolver salvação. A salvação para Wesley e os primeiros metodistas tinha, portanto, amplitude social e inclusiva.

Podemos afirmar que o bem-estar espiritual é o resultado da paz de Cristo que alcança todas as áreas da vida do cristão. É o resultado do bem-estar físico, emocional, econômico, familiar, comunitário. Tudo está nas mãos de Deus, Nele confiamos e Ele é fiel em cuidar de nós. Sua salvação nos alcança integralmente. A graça de Deus – segundo John Wesley - da qual nos vem à salvação, é gratuita em tudo e para todos.

É gratuita a todos a quem é concedida. Não depende do poder ou mérito do ser humano, em nenhum grau, nem no todo, nem em parte. Do mesmo modo ela não depende das boas obras ou da retidão daqueles que a recebem, de coisa alguma que tenha feito ou que seja. Não depende dos seus esforços, dos seus sentimentos, bons desejos, bons propósitos ou intenções, pois todos estes fluem para a graça gratuita de Deus, assim é em tudo, isto é, não depende de nenhum poder ou mérito do homem.

A graça de Deus esta aberta a todos os homens e mulheres. Não apenas aberta a todos, mas presente em todos. Wesley acreditava que a graça salvadora estava em atuação no coração de todos os seres humanos, ao lado de sua consciência, a própria presença de Deus em ação, por sua misericórdia, procurando levar o ser humano ao arrependimento. Era esta graça universal a verdadeira boa nova do Evangelho, que anunciava a todos os homens e mulheres a salvação pela fé em Jesus Cristo. Wesley não acreditava que a graça era eficiente, isto é, ela não realizava salvação, mas era plenamente eficaz, suficiente e capaz para salvar a todos os que cressem.

A igreja evangélica distancia-se muito da Reforma Protestante e afasta-se cada vez mais do pensamento wesleyano ao calcar sua prática evangelística sobre sacrifícios, penitências e boas obras. Tantos movimentos evangélicos atuais não podem mais falar da graça sem muitos senões. Evangelistas bem-sucedidos não são aqueles que atraem multidões, mas aqueles que sabem explicar a justificação de pecadores pela graça. Wesley foi dono de um currículo invejável. Ele foi apenas um homem à frente do seu tempo. Rompeu paradigmas, amou os excluídos e pregou a graça. Viveu apaixonadamente, anunciando a mensagem que mais admirava: o Calvário.

A salvação para Wesley segue um caminho simples: Deus, pela sua graça, oferece a todos os homens a obra expiatória de Cristo; pela fé e num ato voluntário o homem aceita ou se apropria dessa oferta, e é justificado; daí por diante procura ser digno do sacrifício de Cristo e busca santificar-se cada vez mais, vivendo de modo a agradar a Cristo. Este é o aspecto prático da teologia de Wesley, visto por muitos, como adesão à salvação pelas obras. Mas o fato é que Wesley desenvolveu um cristianismo prático e apropriado à sua época e às posteriores porque favorecia o individualismo, regulava a vida em épocas de grandes mudanças sociais e, principalmente, estimulava a piedade ao lado do desempenho pessoal.

Wesley e os primitivos metodistas estavam convencidos de não pregarem nada além da simples verdade, tal como a atestavam a Sagrada Escritura e a Igreja Primitiva. Wesley é largamente reconhecido como o líder de um grande reavivamento religioso do século 18 e como homem de grande zelo e de talentos múltiplos e fora do comum. Um resgate do pensamento de John Wesley para nós hoje se dá a partir de sua prática ministerial destacando três elementos: evangelização, ação social e educação. Essas três expressões de ações possibilitam entender a relevância da teologia para a vida e a missão da Igreja hoje.

John Wesley era Teólogo Prático, tentou sempre vivenciar na prática o que dizia, não separou a doutrina da ética. Sua ética é baseada na sua teologia da graça. Sua defesa das necessidades dos pobres é baseada na sua confiança no poder transformador de Deus. Seu entendimento da santidade cristã inclui a ética, a ação correta, e a doutrina, o entendimento correto. A teologia de Wesley é prática no sentido de buscar entender igualmente a natureza de Deus e a vida cristã no mundo, sem criar uma separação artificial entre os dois.

A função da Prática era de ensinar a fé aos crentes e ajudar os membros da Igreja a viver em uma vida Cristã, ele buscava dar-lhes uma fundação sólida nas convicções básicas que apoiavam toda a ação cristã. Ele foi além do modelo tradicional de teologia Prática de sua época, que prestava pouca atenção às questões teológicas e doutrinais. Para ele, não era suficiente apenas treinar pastores e leigos em como pregar, ou orar. Era de importância fundamental o entendimento de por que pregar, orar, ou teologizar.

Ainda no que se diz de sua teologia, Wesley pregou uma riqueza de palavras sobre o dinheiro. Tinha muitas idéias sobre as aplicações certas e erradas dos recursos. E, sendo um dos homens de renda mais elevada na Inglaterra em sua época, teve oportunidade de praticar o que pregava. Muitos podiam ignorar seus sermões, mas ninguém podia ignorar a forma como ele usava o dinheiro que recebia. O que ele pregava com atos falava mais alto do que suas palavras.

Wesley sentia que o metodismo havia perdido o poder espiritual porque os metodistas haviam enriquecido. Pregou muitas vezes contra os pecados dos prósperos, como o desejo de alcançar riquezas e o uso errado do dinheiro. Censurou especificamente contra os excessos na comida, no vestuário e no estilo de vida. No entanto, não se limitou a condenar o emprego errado do dinheiro. Além disso, apresentou aos ouvintes orientações bíblicas claras sobre o jeito certo de usar os recursos financeiros. Wesley não levou a vida de abundância e luxos que se espera de um homem com sua renda e situação. Ele queria deixar apenas “meus livros depois que eu morrer…”.

Quando Wesley morreu, o único dinheiro que apareceu em seu testamento foi algumas moedas que encontraram com ele e em seus guardados. Havia doado a maior parte do dinheiro que ganhou em toda a sua vida. Como ele falou: “Não tenho como evitar deixar meus livros quando Deus me chamar; mas em todos os outros aspectos, minhas próprias mãos executarão meu testamento”.

A teologia Wesleyana e de grande relevância para nós hoje, pois nos convida, nos conclama a perceber e atender as necessidades do ser humano inserido nos diversos contextos da sociedade, nos convida a repensar nossos caminhos e nossas práticas religiosas.

Graça e Paz.

Pra. Adriana Reis

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